AMIZADE

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Amizade:

uma fascinante virtude! A filosofia tem nos ensinado que para os gregos a amizade (Philia) é o que existe de mais fascinante, depois da sabedoria (Sophia). Para eles, a sabedoria é o mesmo que virtude. O filósofo Cícero (106 a.C.–43 a.C.), no seu diálogo sobre a amizade (De Amicite), fala de maneira extraordinária da virtude na relação de amizade.

Segundo o filósofo somente os virtuosos possuem amigos! É a virtude que promove e conserva a amizade, porque ela é responsável pela s provas do amor e pela capacidade das renúncias necessárias na relação. Só pode haver verdadeira amizade naquele que se dispõe a morrer para si mesmo e dar-se ao outro. "Ninguém me tira a vida; eu a dou livremente" (Jo 10,18). Daí que a amizade requer um constante sair de si, lealdade e transparência, constância e justiça.

Na amizade tudo deve ser verdadeiro. Assim, o maior ornamento da amizade vem a ser o respeito e a fidelidade aos segredos do amigo. Os amigos são guardiões do sacrário, que é o coração daqueles que amamos. Nula é a amizade em que não há verdade. O livro do Eclesiástico fala das conseqüências da falta de verdade e confiança entre os amigos (Cf. Eclo 27,16).

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O que faz a amizade é a estabilidade entre os amigos, que é fruto da convivência construída na base dos valores sólidos do amor. Esta estabilidade é ainda sinõnimo da paz que provém do dar a vida pelo amigo (Cf. Jo 15,13).

A virtude é a escada onde esse amor amadurece. Sem virtude não há amizade possível, mas apenas superficialidade, adulação, paixão e interesses egoístas. Entre as pessoas de bem há uma inevitável simpatia e condescendência.

Entre os amigos existe sempre a liberdade de sentir-se amado, apoiado e acolhido quando os fardos da vida nos assolam o coração. Se não há a virtude a amizade empobrece e não vive a sua vocação à eternidade. A amizade tem grande poder de sedução e de atração pela força da afeição entre as pessoas amigas. A afeição cria vínculos, mais que o parentesco. É a afeição que proporciona o bem-estar entre os amigos, a simpatia recíproca. É sedutora a troca de atenções e bons serviços. Sem amizade a vida não é amável.

Na mais profunda amizade se encontra a mais profunda doçura. Sem afeição e simpatia, a vida não tem alegria, porque a afeição se traduz em benevolência, afabilidade, reciprocidade. Portanto, os componentes da amizade são a virtude, a afeição, a fidelidade e a disposição de servir os nossos amigos.

A amizade entre Jônata e David (Cf. I Samuel18,1.20) muito nos ensina sobre essa disposição para o serviço até mesmo em correr riscos pra fazer o amigo feliz. Quanto mais somos generosos, bondosos, desinteressados, amorosos, mais amizades conquistamos. Isso não significa sermos ingênuos e bobos. Mas pessoas livres, que amam com liberdade e maturidade, compreendendo que as pessoas não nos pertencem e devemos deixá-las livres para escolher o nosso amor.

Sejamos os primeiros a darmos provas do nosso amor e dos nossos gestos de virtude. Eis um grande segredo para a conquista e o cultivo da amizade. O amigo é como um outro de nós mesmos, uma versão exemplar de nós mesmos, disse o filósofo Aristóteles. Melhor interpretou Santo Agostinho ao dizer: "A amizade é como ter uma única alma em dois corpos" (Cf. Confissões).

A amizade torna os duros golpes da vida mais leves e mais maravilhosos os favores da vida, porque podem ser comunicados e partilhados com alguém. A amizade dá otimismo para o futuro, não permite a capitulação nem a desmoralização. Retirar a amizade da vida é como retirar o sol do mundo. Nela encontramos satisfação, descanso, conselho, partilha. Nada expressa tão bem os momentos da vida, do que a amizade.

Por isso deve ser preferida a todos os bens da terra, porque é prestativa, respeitosa e fiel. Na verdadeira amizade está um sinal forte daquele amor e relação que tem o Pai com Jesus, transbordando assim para com o homem. Pela amizade os ausentes estão presentes no afeto, os indigentes são ricos, os fracos são cheios de força, os mortos estão vivos na lembrança. Sem amizade, nenhuma casa fica de pé, nenhuma cidade subsiste, a vida na terra é insuportável, porque ela é um sentimento de amor verdadeiro e espontâneo que ameniza o convívio.

Sem amizade, a vida se esvazia.

A amizade é uma fascinante virtude! Também faz-se necessário lembrar que os amigos não são perfeitos e erram, até nos desapontam, desaparecem algumas vezes e reclamam nossa atenção, nosso cuidado. Muitas vezes sofremos com a insenssibilidade, mas não julguemos os nossos amigos os façamos uma cobrança egoísta do seu amor.

Na amizade o diálogo e o perdão são segredos essenciais para o cultivo da confiança e da fidelidade. Uma amizade construída na convivência e como fruto de uma história de dores e algrias não pode acabar ou cair na indifrença por causa das limitações de um e de outro.

Queiramos amar o amigo e o melhor é sempre darmos o primeiro passo, pois somente o amor ressuscita um relacionamento e recorda ao coração do amigo que a amizade é um compromisso para quem estar disposto a amar além das fraquezas. Quem cultiva a amizade conhece os segredos para se viver no amor da Trindade, porque ela é um dom de Deus vivido na reciprocidade, portanto, é também dom escatológico.

É Santíssima Trindade o modelo do amor que ama até o fim (Cf. Jo 13,1), pois ela é comunhão de perfeita amizade, o próprio amor (Cf I Jo 4,8). Como é bom dizer ao amigo que o amamos e fazê-lo sentir no coração e na alma o quanto estamos unidos, não obstante os desafios, as fraquezas, as diferenças e até mesmo os impedimentos para a convivência.

O amor supera tudo isso e diz ao silêncio do seu coração cada novo dia:

“És meu amigo! Amo você! Que fascínio!”.